“O Brasil enfrenta uma epidemia de ciberataques.” Dados da Check Point Research mostram um aumento de 67% nos ataques, com organizações sendo alvo 2.754 vezes por semana, comparado ao segundo semestre de 2023.
Entre os setores mais visados estão educação e pesquisa, devido à grande quantidade de dados sensíveis e vulnerabilidades em suas medidas de segurança. A transformação digital acelerada e a sofisticação crescente dos criminosos, que agora usam inteligência artificial e aprendizado de máquina, impulsionam essa escalada global de ataques.
Neste artigo, vamos explorar as cinco principais vulnerabilidades cibernéticas que os cibercriminosos exploram, revelando as táticas que utilizam e as medidas eficazes para mitigar os riscos.
Vulnerabilidades em Softwares e Aplicações
As vulnerabilidades em softwares e aplicações são fraquezas ou falhas que podem ocorrer em várias etapas, como no design, implementação, configuração ou uso de um sistema. Essas falhas geralmente são exploradas por invasores para comprometer a segurança e a funcionalidade do sistema, da rede ou dos dados de uma organização.
Os Principais Tipos de Vulnerabilidades
Existem diversos tipos de vulnerabilidades em softwares e aplicações. Alguns dos mais comuns incluem:
SQL Injection
Essa vulnerabilidade ocorre quando entradas não filtradas são inseridas diretamente em consultas SQL. O invasor insere comandos SQL em campos de dados de formulários ou URLs de aplicativos web. Isso permite que ele acesse ou manipule dados do banco de dados sem autorização.
Cross-Site Scripting (XSS)
XSS é uma vulnerabilidade que permite a injeção de scripts maliciosos em páginas web visualizadas por outros usuários. O ataque ocorre quando uma aplicação web aceita dados sem validação adequada. As principais variações são XSS Reflected, Stored e DOM-based.
Cross-Site Request Forgery (CSRF)
O Cross-Site Request Forgery (CSRF) é um tipo de ataque que explora a confiança de um servidor em solicitações autenticadas de um usuário. O atacante induz o usuário a realizar ações não intencionais em um site no qual está autenticado, usando links ou formulários maliciosos.
Buffer Overlow
É um tipo de vulnerabilidade de segurança que ocorre quando um programa escreve mais dados em um buffer do que ele pode suportar, corrompendo dados e permitindo que invasores executem código malicioso ou causem falhas no sistema.
Autenticação e Gerenciamento de Sessão Inadequados
Falhas na autenticação e no gerenciamento de sessão podem comprometer contas de usuários, permitindo o acesso a dados sensíveis. Problemas comuns incluem transmissão de credenciais sem criptografia e tokens de sessão previsíveis, facilitando o sequestro de sessões.
Configuração de Segurança Incorreta
Configurações inadequadas de sistemas, servidores ou aplicações, como uso de padrões inseguros, falta de patches e permissões incorretas, criam brechas que permitem acesso não autorizado, execução de código malicioso ou roubo de dados.
Para mitigar os riscos a segurança e garantir a integridade dos sistemas, as empresas devem atualizar softwares e aplicações. Dentro das atualizações frequentemente incluem patches de segurança que corrigem vulnerabilidades conhecidas que protegem a empresa contra ameaças mais recentes.
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Erros Humanos
É essencial que as empresas reconheçam que, muitas vezes, os colaboradores podem, sim, se tornar portas de entrada para vulnerabilidades dentro das organizações.
Isso ocorre principalmente devido ao uso da engenharia social, uma técnica manipulativa empregada por criminosos cibernéticos para explorar a confiança e a ingenuidade das pessoas, induzindo-as a comprometer a segurança de sistemas e redes.
Nesse tipo de vulnerabilidade cibernética, os cibercriminosos focam na fraqueza humana, utilizando a psicologia para obter informações confidenciais ou acesso não autorizado. Na maioria dos casos, eles se passam por figuras de autoridade, colegas de trabalho ou até amigos para ganhar a confiança da vítima. Uma vez estabelecida essa confiança, os criminosos conseguem persuadir a vítima a revelar senhas, clicar em links maliciosos ou fornecer outras informações sensíveis.
Exemplos de práticas de engenharia social
Atualmente, a engenharia social engloba uma variedade de táticas, mas algumas das mais comuns são:
Phishing
Phishing é uma técnica onde criminosos enviam e-mails ou mensagens que imitam fontes confiáveis, como bancos, para roubar informações sensíveis, como senhas e dados bancários. Esses e-mails contêm links ou anexos maliciosos que, ao serem clicados, podem instalar malware ou redirecionar a vítima para sites falsos. Em 2023, o Brasil registrou cerca de 1,8 milhão de fraudes digitais, resultando em perdas de aproximadamente R$ 6 bilhões, segundo o CGI.br e a Kaspersky.
Vishing
O vishing é uma variação do phishing que ocorre por telefone. Criminosos usam persuasão para obter informações sensíveis da vítima. Tecnologias avançadas, como deepfakes de voz, tornam essas fraudes ainda mais convincentes. Em 2024, uma empresa em Hong Kong perdeu US$ 25 milhões após um funcionário ser enganado por um deepfake que simulava a voz do diretor financeiro.
Spear Phishing
Em termos mais simples, spear phishing é um tipo personalizado de phishing, onde o criminoso pesquisa informações sobre o alvo para tornar o ataque mais convincente. Ao se passar por alguém de confiança ou superior hierárquico, o atacante aumenta a chance de sucesso. Esse tipo de ataque é mais difícil de detectar devido à customização.
Tailgating
No trânsito, tailgate é uma gíria utilizada quando um condutor conduz muito próximo do carro da frente, de tal forma intimidando o condutor da frente a acelerar à velocidade. Na esfera da computação, ocorre quando invasores seguem funcionários autorizados para acessar áreas restritas sem as credenciais necessárias, aproveitando a cortesia ou distração. Essa técnica pode ser usada tanto em ambientes físicos, como em prédios, quanto em ambientes virtuais, como redes seguras.
Papel da cultura corporativa na prevenção
Por isso, a cultura corporativa é tão importante na prevenção de táticas manipulativas de engenharia social. Uma cultura forte de segurança cibernética promove a conscientização e a educação contínua dos funcionários sobre as ameaças e as melhores práticas de segurança.
Quando a segurança é integrada aos valores e práticas diárias da empresa, os colaboradores ficam mais vigilantes e preparados para identificar e responder a tentativas de engenharia social. Treinamentos regulares, simulações de phishing e políticas claras de segurança reforçam a importância da segurança cibernética e capacitam os funcionários a agir de forma proativa.
Erros de Configuração e Permissões
Uma das vulnerabilidades mais subestimadas no ambiente corporativo é o erro de configuração de permissões em sistemas e aplicativos. A falta de atenção a esse aspecto abre brechas significativas na segurança cibernética de uma organização.
Configurações inadequadas, como permissões excessivas ou padrões de segurança não revisados, expõem riscos que os cibercriminosos aproveitam para obter acesso não autorizado a dados sensíveis ou comprometer a integridade do sistema.
A importância de configurações corretas de sistemas e aplicativos
Possuir configurações robustas de segurança são a base para proteger infraestruturas de TI contra ameaças. Ao configurar um sistema ou aplicativo, o profissional deve seguir boas práticas de segurança desde o início, garantindo a proteção adequada dos serviços contra vulnerabilidades. Esse processo envolve desativar portas e protocolos desnecessários, configurar corretamente os firewalls e garantir a criptografia das comunicações.
Nesta esfera, podemos citar as três principais vantagens de seguir as configurações corretamente:
- Minimização de riscos: Configurações corretas reduzem a superfície de ataque, tornando mais difícil para atacantes encontrar e explorar vulnerabilidades.
- Compliance: Muitas regulamentações exigem configurações específicas para garantir a segurança dos dados.
- Otimização de recursos: Configurações adequadas podem otimizar o desempenho do sistema e reduzir o consumo de recursos.
Falhas nesse processo tornam o sistema mais suscetível a ataques automatizados e direcionados, especialmente em ambientes em nuvem, onde a configuração inadequada de permissões de acesso pode comprometer toda a infraestrutura.
Permissões excessivas ou inadequadas
Permissões excessivas ou mal configuradas são uma das principais causas de acessos não autorizados. Quando usuários têm mais acesso do que o necessário, aumenta-se a superfície de ataque, facilitando a exploração de vulnerabilidades. Por exemplo, quando um colaborador possui acesso irrestrito a todos os dados da empresa pode, intencionalmente ou não, vazar informações sensíveis.
Porém, permissões insuficientes podem impedir que os funcionários realizem suas tarefas, afetando a produtividade. Porém, o princípio do menor privilégio deve ser aplicado rigorosamente para minimizar riscos.
Auditoria de configurações de segurança
Auditorias regulares de configurações são essenciais para garantir que os sistemas e aplicativos estejam configurados corretamente e protegidos contra ameaças. As principais etapas deste processo sistemático, incluem:
- Inventário de sistemas: Identificar todos os sistemas e aplicativos dentro do ambiente e documentar as configurações atuais de cada sistema e aplicativo, incluindo versões de software, configurações de rede e permissões de acesso.
- Definição de linhas de base: Estabelecer configurações de segurança ideais para cada sistema e aplicativo. Utilizar padrões de segurança reconhecidos, como CIS Benchmarks, NIST ou ISO 27001, para comparar as configurações atuais.
- Comparação: Comparar as configurações atuais com as linhas de base definidas e avaliar as discrepâncias entre as configurações atuais e as melhores práticas recomendadas.
- Identificação de desvios e priorização de riscos: Identificar as configurações que não estão em conformidade com as linhas de base. No mesmo processo, é avaliado a criticidade de cada desvio para priorizar as ações de correção.
- Correção: Implementar as medidas corretivas necessárias para corrigir as configurações inadequadas. Desativar serviços, portas e protocolos desnecessários para reduzir a superfície de ataque.
- Revisão de permissões: Aplicar o princípio do menor privilégio, garantindo que os usuários tenham apenas o acesso necessário para realizar suas funções e remover acessos desnecessários e obsoletos.
- Documentação: Documentar as configurações corretas e o processo de auditoria para futuras referências. Manter uma documentação atualizada das configurações de segurança e das políticas de acesso.
- Monitoramento contínuo: Utilizar ferramentas de segurança para acompanhar continuamente as configurações e detectar alterações não autorizadas e configurar alertas para notificar a equipe de segurança sobre mudanças suspeitas ou configurações inseguras.
Em resumo, empresas que investem em auditorias regulares de segurança e adotam as melhores práticas, conseguem reduzir significativamente o risco de ataques cibernéticos e proteger seus ativos.
Fraquezas em Redes e Infraestrutura
Empresas cada vez mais utilizam redes sem fio e VPNs, especialmente com a popularização do trabalho remoto após a pandemia da COVID-19. No entanto, configurações inadequadas ou o uso de protocolos de segurança desatualizados, como o WEP ou VPNs mal configuradas, expõem as comunicações a interceptações e ataques cibernéticos.
Além disso, a adoção de novas tecnologias digitais e a proliferação de dispositivos IoT introduziram novas vulnerabilidades nas redes. Muitas vezes, esses dispositivos são conectados sem as devidas atualizações de segurança, servindo como portas de entrada para invasores que os usam para movimentação lateral na rede.
Ataques de força bruta e dicionários
Na segurança cibernética, os ataques de força bruta e os ataques de dicionário são formas comuns para obter acesso não autorizado a sistemas e redes. Em resumo, um ataque de força bruta tenta todas as combinações de caracteres possíveis para quebrar uma senha. Em contraste, um ataque de dicionário tenta apenas as senhas vazadas anteriormente ou comumente usadas por outros.
Atualmente, ferramentas modernas de quebra de senhas usam métodos de ataque híbridos que combinam força bruta e ataques de dicionário (e algumas outras técnicas) para atingir a maior eficiência de invasão.
Por exemplo, um usuário cuja senha era ‘admin’ a altera para ‘admin1’. Um cibercriminoso pode usar um ataque híbrido para hackear essa senha. Enquanto ‘admin’ está na lista de palavras usada durante um ataque de dicionário, o número ‘1’ é anexado de uma forma que os ataques de força bruta funcionam.
A proteção contra esses ataques exige a implementação de autenticação multifator (MFA), uso de senhas complexas e restrições em tentativas de login. O uso de criptografia forte em comunicações e o bloqueio de IPs após várias tentativas de login falhadas também são práticas recomendadas para evitar comprometimentos.
Falhas em Processos e Procedimentos
A segurança cibernética não se resume apenas a tecnologias e ferramentas. Processos e procedimentos inadequados ou mal implementados podem ser um dos pontos mais críticos para a segurança de uma organização.
Pois, a ausência de políticas claras, a falta de conscientização na organização e a ausência de testes regulares criam lacunas que cibercriminosos podem explorar, tornando as empresas mais vulneráveis a intrusões.
Benefícios do alinhamento dentro da organização
As políticas de segurança tornam-se aliadas a organização e base para uma estratégia de defesa eficaz. Sem elas, a equipe não tem uma compreensão uniforme dos protocolos de segurança a seguir. Portanto, é crucial definir, documentar e comunicar todos os processos necessários para responder a incidentes de segurança. Atualizar regularmente essas políticas é essencial para acompanhar a evolução das ameaças e garantir a conformidade com regulamentações vigentes, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Em relação a importância da conscientização dos colaboradores sobre a segurança da informação, todos os setores precisam receber os treinamentos necessários, pois são a primeira linha de defesa contra ameaças cibernéticas. Com a crescente de ataques bem-sucedidos devido a erros humanos, investir na conscientização e educação contínua sobre práticas de segurança da informação reduz significativamente o risco de ataques de engenharia social, phishing e outros tipos de fraudes digitais que citamos ao longo deste texto.
Por fim, uma das formas mais eficazes de garantir que os processos e procedimentos de segurança estão funcionando corretamente é realizar testes de penetração (pentests) e simulações de ataques. Esses métodos ajudam a identificar vulnerabilidades de maneira rápida, antes que agentes mal-intencionados possam explorá-las.
Conclusão
Diante das inúmeras vulnerabilidades exploradas por cibercriminosos, é evidente como a segurança cibernética é um desafio constante e em evolução. Novas ameaças surgem diariamente, e as vulnerabilidades se multiplicam à medida que a tecnologia avança. Por isso, é fundamental que as organizações se conscientizem dos efeitos devastadores que um ataque cibernético pode causar.
Com o investimento em soluções de TI corretas e adoção de uma abordagem proativa, é possível evitar a perda de dados confidenciais, a interrupção dos negócios e a danos à reputação da empresa. Não espere o seu negócio se tornar vítima dos cibercriminosos!
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